Aula 4 – Variáveis

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4.1 – Conceito

Uma variável é basicamente um nome, representado por uma string (basicamente, uma sequência de caracteres), que aponta para uma determinada informação, a que chamamos de valor. Com o shell, nós podemos criar, atribuir e eliminar variáveis.

Para criar uma variável, portanto, nós precisamos definir um nome e, em seguida, atribuir a ele um valor, o que é feito no shell através do operador de atribuição =.

Exemplos:

:~$ fruta="banana"
:~$ nota=10
:~$ nomes=("João" "Maria" "José")
:~$ retorno=$(whoami)

Observe que não existem espaços antes ou depois do operador de atribuição!

Além dessa forma explícita de criar uma variável, nós também podemos atribuir valores a nomes através de comandos. É o caso, por exemplo, do comando interno read, que lê a informação que o usuário digita no terminal e a atribui a um nome…

:~$ read -p "Digite seu nome: " nome
Digite seu nome: Renata
:~$ echo $nome
Renata
:~$

4.2 – Nomeando variáveis

Por uma questão de boas práticas, os nomes das variáveis podem conter apenas caracteres maiúsculos e minúsculos de A a Z (sem acentos ou cedilha), números (nunca no começo!) e o sublinhado ( _ ). Abaixo, podemos ver alguns exemplos de nomes válidos:

fruta  FRUTA    FRUTA1   Fruta1
_fruta _FRUTA   FRUTA_1  FRU_TA_1

Já esses nomes retornariam um erro no shell…

CAPÍTULO  2nome  nome!       RET*
1VAR      VAR 1  nome-aluno  ação

4.3 – Tipos de variáveis

Diferente de algumas outras linguagens, as variáveis não são declaradas especificando o tipo de valor que carregam. Ou seja, para criar uma variável do tipo string, basta criar um nome e atribuir a ele uma sequência de caracteres entre aspas duplas ou simples:

:~$ var1="Isso é uma string..."
:~$ var2='Isso também!'

Se você quiser criar uma variável numérica, basta atribuir um número ao nome…

:~$ valor1=10
:~$ valor2=23154

Mesmo não sendo algo diretamente relacionado com variáveis, é bom saber desde já que o bash não tem suporte nativo a operações matemáticas com ponto flutuante (números com casas decimais), apenas com números inteiros. Para esse tipo de operação, nós temos que recorrer a recursos externos, como a linguagem de cálculo o bc ou o utilitário de calculadora dc.

4.4 – Variáveis vetoriais

Além das variáveis escalares (quando um nome aponta para apenas um valor) que nós vimos acima, nós também podemos criar variáveis vetoriais (quando um nome aponta para uma coleção de valores), as chamadas arrays (ou matrizes, em português).

Exemplos…

:~$ alunos=("João" "Maria" "Renata")

Ou assim…

:~$ alunos[0]="João"; alunos[1]="Maria"; alunos[2]="Renata"

Repare que o nome da variável é “alunos”, e ela contém três valores identificados pelos índices de 0 a 2.

Quando eu digo que não precisamos declarar variáveis no Bash, não estou dizendo que isso não seja possível! O ponto aqui é que, para o Bash, o conceito de declaração é um pouco diferente de outras linguagens. Para declarar (no sentido do Bash) o tipo da variável, nós utilizamos o comando interno declare.

Geralmente, porém, quando falamos de tipos de variáveis, no contexto do shell, nós estamos referindo a conceitos como:

Conceito Descrição
Variáveis locais Presentes na sessão atual do shell e disponíveis apenas para ele mesmo.
Variáveis de ambiente Disponíveis para todos os processos filhos da sessão atual do shell.
Variáveis do shell As variáveis especiais que o próprio shell define e que podem ser tanto locais quanto de ambiente.

Dentro de um script, as variáveis ainda podem ser globais (quando estão disponíveis para todas as instruções do mesmo script) ou locais (quando só podem ser acessadas por algum bloco de código específico).

Por padrão, todas as variáveis criadas dentro de um script são, para o próprio script, globais. Para torná-las locais, é preciso utilizar o comando interno local. Nós voltaremos a isso quando estivermos falando de funções.

4.5 – Variáveis inalteráveis (read-only)

Normalmente, nós podemos criar variáveis com um determinado valor e mudá-lo à vontade quando necessário…

:~$ fruta="banana"
:~$ echo $fruta
banana
:~$ fruta="laranja"
:~$ echo $fruta
laranja

Porém, existem casos onde precisamos garantir que um determinado valor não seja mudado. Com o comando interno readonly, o shell retornará um erro caso ocorra uma tentativa de alterar o valor da variável.

:~$ fruta="banana"
:~$ readonly fruta
:~$ fruta="laranja"
bash: fruta: a variável permite somente leitura

4.6 – Destruindo variáveis

Quando criamos uma variável, ela entra para uma lista e passa a ser rastreada pelo shell enquanto durar a sessão. Para remover a variável dessa lista, nós utilizamos o comando interno unset.

:~$ fruta="banana"
:~$ echo $fruta
banana
:~$ unset fruta
:~$ echo $fruta 

:~$

Variáveis inalteráveis não podem ser destruídas! A única forma de deletar uma variável read-only é encerrando (ou reiniciando) a sessão do shell.

4.7 – Atribuindo saídas de comandos a variáveis

Também é possível atribuir a saída de um comando a uma variável utilizando uma expansão substituições de comando, que nós veremos em detalhes mais adiante no curso. Para isso, basta utilizar uma das sintaxes abaixo:

:~$ usuario=$(whoami)
:~$ echo $usuario
arthur

Ou então…

:~$ maquina=`hostname`
:~$ echo $maquina
excalibur

4.8 – Acessando os valores das variáveis

A essa altura, de tanto utilizarmos o comando echo, você já deve saber como acessar
o valor de uma variável. Mas vamos “formalizar” esse conhecimento: para ter acesso
ao valor armazenado numa variável, basta acrescentar o caractere $ ao início de seu
nome, como neste exemplo:

:~$ read -p "Digite seu nome: " nome
Digite seu nome: Renata
:~$ mensagem="Olá, $nome!"
:~$ echo $mensagem
Olá, Renata!

No caso das variáveis vetoriais (arrays), porém, o procedimento é um pouco diferente, dependendo do que queremos ler da variável. Observe o exemplo:

:~$ nomes=("João" "Renata" "José")
:~$ echo $nomes
João

Dos três nomes dessa array, o shell só retornou o primeiro. Isso acontece porque, sem uma sintaxe especial, o shell irá tratar a variável nomes como se ela fosse uma variável escalar, e não uma array. Para acessar o conteúdo de uma array, nós utilizamos o seguinte formato:

${nome_da_variável[índice]}

A rigor, a notação padrão para acesso (expansão) ao valor de uma variável é ${nome}, mas as chaves são opcionais quando trabalhamos com variáveis escalares.

Aplicando essa ideia ao exemplo, para obter o valor de índice 1, nós faríamos…

:~$ echo ${nomes[1]}
Renata

Isso porque os índices de uma array são contados a partir de zero.


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